Um dia...
Acordarás do teu pesadelo auto-impingido
Recobrarás o senso arbitrariamente esquecido
Te arrependerás das ações tão baixas, descabidas
Que alimentadas por tua raiva desmedida
Se fazem placebo para a tua doença inventada
Um dia...
Minhas feridas abertas por teu açoite
Serão não mais que cicatrizes companheiras
Minha solidão sacramentada por tuas promessas de amizade
Será apenas lembrança de épocas derradeiras
Livro de cabeceira mal escrito, esquecido na estante
Um dia...
Reabrirás a porta que fechaste entre nós, buscando
Ombro, saudade, redenção
E encontrarás o horizonte -- eu não
Pois ali nunca estive -- segui em frente, abri mão
De tapar os buracos de uma nau sem capitão
Um dia...
Teu espírito maculado por tuas ações -- aberrações! -- se levantará dos teus escombros
Buscarás por sobre os ombros o que deixastes para trás -- um caminhante
E nada encontrarás. Pois o caminhante caminha, segue em frente apenas
E ultrapassa com pena a alma pequena que se julga plena, mas que condena
O próprio passado à clausura -- sentenciado à loucura, o solitário segue adiante.
Nenhum comentário:
Postar um comentário