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domingo, 3 de outubro de 2010

Apatia


Tudo passa, não passa?
A vida passa, o tempo passa
A dor não passa – só me abraça
Esperança escassa, tanta desgraça
Não vejo mais graça, não vejo opção...

Quem é você no espelho?
O que procura nessa realidade torta?
Não sei se na cama ou na porta
Busco traços da esperança já morta
Busco o caminho da salvação...

Vida... quando foi que te perdi?
Areia por entre meus dedos
Escorre e só deixa medos
Frutos de enganos ledos
Lembranças de errada paixão...

Felicidade... mas que saudade!
De quando não sabia o que sei agora
Quando vislumbrei e me levaram embora
Tão belo tesouro – outrora
Hoje resquícios de mera ilusão...

Tudo passa, a vida passa, o tempo passa
E eu... eu não passo, desconheço meu rumo
Passo os dias – acordo, escrevo, fumo
Passo as noites – recordo, bebo, durmo
E apenas sobrevivo, sem motivo, sem razão...

[04/10/2010]

Um comentário:

  1. Confesso que fico feliz por não ser o unico sentindo tudo isso e que faz arte através da dor, sofrimento, morbidez, tédio...
    O feliz todos ja conhecem e ele está consumado... a magia da agonia, tristeza e melancolia é o que tem que ser escrachado.

    Boa Escrita meu caro poeta.

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