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domingo, 29 de agosto de 2010

A Estrada e a Brisa


Tarde quente de Domingo
Procuro a vaga isolada no estacionamento
Paro o carro, Renato Russo ali comigo
A única Tempestade é a que ecoa nos meus ouvidos
Sol – sol e brisa
E a Estrada no horizonte

Você com ele, satisfeita
Ele nas nuvens, inebrado
Ela com as amigas, triste
E eu solitário, fumando e olhando a Estrada
A névoa da fumaça doce que me rodeia
A Estrada e a Brisa, únicas companheiras

Os carros passando, alheios a tudo
Alheios a mim, alheios ao meu sofrimento
O cigarro entre meus dedos, a brisa no meu braço
Alheia à névoa que brota dos meus pulmões dormentes
Corações partidos, feridas que não curam
Só a Brisa lambe meus ferimentos, complacentemente

Quando foi que tudo isso aconteceu?
Por que você não me assumiu?
Se até a Estrada, inerte e sólida
Se deixa percorrer por quem busca caminhos?
Se até a Brisa, tranquila e constante
Me afaga gentil, me presta carinho?

Hoje sento em um café desses tantos
De posse de meu papel e meu nanquim
Heranças suas, heranças da vida
E escrevo. Escrevo e reflito
Reflito e aprendo. Aprendo e me arrependo
E busco meu eu que você levou de mim

Somente a Estrada e a Brisa permanecem as mesmas.

[29/08/2010]

2 comentários:

  1. Nossa Gustavo, deu pra arrepiar, cada qual pro seu lado de um jeito bem diferente e eu aqui de longe olhando como se assistisse a um filme com um telão bem ali no seu estacionamento... voei...
    Edilene

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  2. Alheios ao sofrimento. Alheios a este tormento.Feridas sangrando, corações chorando.Onde estará a solução? E vou procurando...

    Parabéns Gustavo. Transmitiu com lealdade todo o sentimento.
    Quando eu crescer, quero ser igual a voce. Poeta!

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