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segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Sirena


Cantaste a mais bela das canções, e tão docemente
Que padeci, amor ardente
Rápido, intenso, impossível
Como tantos outros marinheiros antes
Antes, depois, durante

Tu Sirena, a mais bela das Sirenas
Encontraste morada nas minhas ruínas
Mais afáveis que as páginas da  mitologia
Me enfeitiçaste como mulher nenhuma antes
Mulher não és – tens “Sirena” tatuado em teu semblante

Pisinoe se ajoelha frente à tua inteligência sádica
Teus feitiços fazem de Thelxiepia charlatã iniciante
Ligeia desafina ao som da tua doce voz
Aglaope, Leucosia, Parténope – irmãs menos prendadas
De ti, rainha de todas as Sirenas

Como derrotar uma Sirena?
Cantes melhor que ela”, já dizia Homero
Vencê-la em seu próprio jogo, suas regras
Pois fui teu Odisseu, te derrotei
Mas não sem feridas, não ileso

Em minha Odisséia o final ainda é incerto
Não há cais no horizonte
Nem louros à minha espera
Apenas o oceano inóspito, pleno, constante
E eu navego, mas levo uma certeza

A rainha das Sirenas perdeu seu trono
Pois este marinheiro escapou com vida.

[30/08/2010]

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