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terça-feira, 31 de agosto de 2010

Gitâ às avessas


Às vezes você me pergunta
Por que é que estou tão calado
Gu, você não é mais você
Gu, eu preciso de mais, preciso de muito mais!
Procuro no espelho e encontro cicatrizes

Conflito. Eu sou conflito
Dividido entre o que quero e o que posso
Dividido entre o que sofro e o que causo
Falido, buscando fundos para seu resgate estipulado
E a quantia é alta, a quantia é tão alta

Impotência. Eu sou impotência
Incapaz de abandonar minha humanidade imperfeita
Incapaz de abandonar minha dor para curar a sua
De tirar o chapéu de bandido e vestir a capa de herói
E você precisa tanto de um herói

Arrependimento. Eu sou arrependimento
Por que arrisquei tão alto? Não deveria
Quando nos perdemos um do outro? Não sabia
Por que ameacei o belo? Não valia
Mas o brilho do ouro de tolo é tão forte quanto o de qualquer tesouro

Dor. Eu sou dor
Dor dilacerante, dor faminta
Minhas feridas, consequências minhas
Suas feridas, não suas sozinha
Mas minha dor é tão insuportável quanto a sua

Dúvida. Eu sou dúvida
Culpa. Eu sou culpa
Sou insônia, álcool, cigarros, palavras
Sou a imagem do que você quis um dia
Uma casca morta, fria, vazia

E tudo o que eu queria ser é o que você precisa agora.

[31/08/2010]

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