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quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Aquele dia


Às vezes me surpreendo revivendo aquele dia
A noite em claro, a espera, a procura
A necessidade pela verdade, a insanidade
Desespero
Quebrei teu silêncio, clamei por realidade

PRECISO saber o que está acontecendo
Aguento o tempo, o espaço, também.”
Mas não o silêncio, isso não aguento
Chega de silêncio. Chega de ficar no escuro
Não, eu não me importo com a minha dignidade

Você irredutível.

Me trate como o homem que sou e te ama mais do que achou ser possível.
Prometo sumir da sua vida se vc quiser.
Prometo que nunca mais te procuro.”
Prometo te desejar só o melhor.
E prometo, se for sua vontade, te esperar se vc me pedir.

Você impassível.

Sua resposta veio fria, calculista, arredia
O rosto que eu conhecia ainda me traía
Gu, o que você quer saber?
Apenas as regras do jogo
Gu, não tenho nada a dizer...

Insisti, implorei, me humilhei
Pela verdade que eu já conhecia, confirmação
Desilusões amorosas conheci tantas, superei todas
Tua mentira é que me dilacerava
Palavra após palavra

Por que você me enganou assim, com que fim?
Te livrei da culpa, te dei todas as opções
Por que você insistiu na ilusão, sem compaixão?
Te livrei das minhas amarras, abri sua gaiola
Você não voou, fingiu asa quebrada, fingiu ser minha

Mentiras injustificáveis
Mente aquele que tem medo de perder
Você não tinha nada a perder – a não ser
O prazer de me ver esmorecer
Sua vitória na minha derrota

Eu não pedi o mundo, não pedi você
Só pedi sua honestidade naquele instante derradeiro
Meu último suspiro de cavalheiro
Pedro negou Cristo três vezes – você me negou tantas mais
E mesmo Judas se curvaria diante do seu cinismo sagaz

E hoje, Natália, busco esquecimento
Esquecer o rosto que vi naquele último dia
A face de demônio que devorava o anjo que eu conhecia
Que se revelava autoritária, incapaz de perder
Incapaz de sentir, apenas de mentir por prazer

Meu amor, a Psicopata
Incapaz de reconhecer o valor do amor verdadeiro
Incapaz de conceder clemência ao desesperado
Incapaz de sentir compaixão no leito de morte
Incapaz de ser humana, de libertar a marionete

E que a marionete encontre forças para romper os próprios barbantes.  

[16/09/2010] 


[Trechos em itálico extraídos do email mais importante do mundo]

2 comentários:

  1. vejo algo de familiar aqui...

    “PRECISO saber o que está acontecendo”
    “Aguento o tempo, o espaço, também.”
    “Mas não o silêncio, isso não aguento”
    “Chega de silêncio. Chega de ficar no escuro”
    “Não, eu não me importo com a minha dignidade”

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  2. [ presentinho de poeta para poeta ^^ ]
    Sinceramente ja me contentei com ilusões,
    amores... eu jurava que eram...
    mas não... simplesmente paixões...

    Todos os dias que tinha,
    propunha uma vida de harmonia,
    o melhor poderia fazer...
    isso mesmo... passado,
    poderia...

    Ironia...
    ja cansei de ter,
    mesmo com o tempo...
    grito...
    "NÃO AMO"
    Amor é amar e ser amado,
    a rejeição é apenas uma paixão,
    um capricho molhado...

    Reguei-te com sonhos,
    feitilizei-te com meu tempo...
    colhi sofrimento...
    desalento...

    Fiquei no relento...


    David Weydson

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