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quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Despedida


Se eu abandonar este mundo
Saibam que abandono também a dor
Sofrimento, desespero, tristeza
E assim, encontro a calmaria que aqui perdi

Se eu não suportar este fardo
Lembrem-se de que não mais o carregarei
O peso será retirado das minhas costas
À medida que a vida se esvai do meu corpo

Se eu simplesmente não mais acordar
Não chacoalhem em desespero meu corpo vazio
Deixo sonhos que não tive tempo de sonhar
Deixo os sonhos – mas me liberto dos pesadelos

Se meu coração enfim falhar
Saibam que não foi sem ter batido
Bateu muito, bateu forte, bateu errado
Bateu por mais do que se permitia, até que cedeu

Se eu desistir dessa vida
Tenham a certeza de que não foi por minhas mãos
De que não foi planejado, realizado – isso não
Foi apenas a vida que desistiu de mim, e se foi enfim

Pois se a paz é dos que se vão, ao menos não terei partido em vão... 


[16/09/2010] 

4 comentários:

  1. Me dói um grito de dor. Me dói desistir dos sonhos.Me doi profundamente um irmão, se entregar ao fim!Me dói ver voce assim

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  2. Dói mais ainda ver que permitir que a vida se vá doerá mais ainda do que ela dói aqui... =/

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  3. Grata pelo convite,poeta..
    É assim,deletamos a dor em poesia..
    beijos
    Nega

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  4. É uma honra recebê-la aqui, querida Neguinha. Versos ao vento não trazem alento -- é bom saber que somos lidos. A leitura de vocês é o colo que me falta às vezes.

    Beijos,
    Gustavo Oliveira

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