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quinta-feira, 2 de setembro de 2010

A outra


Olhos nos olhos, mordidas na nuca
Meu hálito quente naquele ouvido
Arrepio, suspiro, gemido
Mãos atrevidas, despidas, indevidas
Sinal de Natália não há – na cama, apenas Juliana

A traição é doce, Natália, é bálsamo
Te esqueço por minutos eternos de luxúria
E na cama, teu reino auto-proclamado
Me faço pleno, me faço amante – com quem me ama
Com a outra, tua rival – Juliana, a dama da cama

Os corpos ardem, as roupas jazem no chão frio
Dama na rua e puta na cama” – Natália se proclama
Natália se engana – não é puta, nem é dama
Teus gemidos falsos e suspiros fingidos, jogados à lama
Quando a cama desperta a mulher que há em Juliana

Mas não temas, Natália, teu fracasso é meu segredo
Ousaste, deste teu melhor gozo mentido
Te fizeste a rainha das meretrizes, guardiã da minha chama
Guardiã sim, mas nunca a dona
Pois a dona da minha chama se chama Juliana

Conheces meu afrodisíaco, Natália?
Experimentaste dos meus toques?
Disseminaste o teu cheiro?
Te iludes, Natália, foste destronada
Na minha cama desarrumada, Juliana nua e mais nada

Enquanto enganas outro com teus orgasmos fingidos
Penso em ti, Natália, e lhe escrevo estes versos
E me lembro de tudo o que não foi em tua trama
Mas devo concluir, alguém me chama
Quem me chama e se inflama novamente na cama?

Quem chama é a outra – Juliana puta, Juliana dama
Juliana divina, Juliana profana
Juliana chama e faz jus à fama – a fama de musa da minha cama.

[02/09/2010]

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