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quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Eu contra você


Dia após dia, agressão após agressão
Crise após crise, nem sinal de reconciliação
As lágrimas secam, as memórias perduram
As feridas se fecham, as cicatrizes são eternas
Saudades de tempos menos abrasivos

Corpos que se reencontram após longa ausência
Se tocam, se reconhecem, se reconectam
O êxtase inebria almas desencontradas
Almas desconhecidas, desfiguradas
Tua navalha amolada na aspereza da minha traição 

Teu sofrimento agravado pela tua doença
Meu sofrimento agravado pelos teus sintomas
Mas aqui estou, o causador da tua desgraça
Responsável pela tua queda, tua derrota
Me mantenho ao teu lado, teu único soldado

Soldado solitário de uniforme ordinário
Resisto como posso, guardo o que é nosso
Defendo o que restou contra a tua insanidade
Temporária, corrosiva, reacionária
Te defendo de si própria, te resgato de meus atos

E no entanto sei, reconheço e esmoreço
O último disparo há de me encontrar
Teu cruel inimigo, teu leal soldado
Há de ser abatido – paz merecida!
A paz que te traz minha morte em vida

Pois não há soldado que resista ao disparo de um rifle aliado.

[15/09/2010]

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