Sujeito estranho, o tal de Cosmos
Dotado de um senso de humor inabalável
Humor negro, inconsequente
Como uma criança que brinca com uma espingarda
E aperta o gatilho sempre no pior momento
Disparo cego, trajeto incerto
Capaz de tirar tanto, causar pranto
E não há colete, não há recanto
Que proteja contra o tiro certeiro de quem não sabe atirar
Que salve do destino guiado por mira telescópica
Cosmos cínico, Cosmos faceiro
Proponho-lhe uma trégua temporária
Ergo bandeira branca, peço clemência
Apenas pela duração de um suspiro
Piedade – imploro! – nem um tiro
Só isso peço – por um instante
Repouse, perdoe, descanse
Dirija sua atenção a outro alvo
Permita que eu me sinta salvo
Mesmo que seja pela última vez
E em troca, caro franco-atirador
Te deixo minhas palavras, meu testamento
Que duram mais do que este momento
Quando em desesperado desalento
Te clamei por clemência
Mas se assim, como por acaso
Quiser garatir-me sobrexistência
Agradeço – agradeço e prometo
Ser merecedor da sua complacência
E reconhecer em tua benevolência
A Humanidade jamais ostentada por atirador algum
[10/09/2010]
A dor que dói cá, doi também lá . Trágico.
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