Há de saber o poeta quando a poesia finda
As palavras se recolhem, verbetes em luto
As idéias se despedem, exaurida é a mente
A pena recusa o nanquim, arranha o papel
Na mão dormente a escrita vã se faz presente
Há de sofrer o amante quando o sentimento acaba
A paixão míngua, o coração perde o compasso
Os suspiros se calam, os olhos opacos
A memória falha, os detalhes se perdem
O rosto da musa se dissipa em inevitabilidade nostálgica
Há de erguer o soldado a bandeira branca
Desistência solitária de quem abandona um ideal
Consciência libertária, farda despida afinal
Rifle ao chão, comandante deposto
O herói de guerra abandona seu posto, seu lar
Há de chorar o adeus o viajante incerto
Que deixa para trás o que lhe foi tão precioso
Parte sem rumo em busca de novas vivências
Deixa saudades em quem acena ao horizonte
E não olha para trás – o andarilho segue em paz
Quando a página derradeira é alcançada
O conto há de terminar – final há tempos escrito
Assim é toda história contada, conto de fadas
A página derradeira também merece ser virada
Há de encontrar seu destino a contra-capa saudosa
Pois não há paz aos que renegam o fim de todas as histórias.
[23/09/2010]
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